Baratas infestam duas linhas de ônibus em Belo Horizonte

O ônibus parecia vazio, com apenas sete passageiros. Mas, na verdade, estava infestado: multidões de baratas, às dezenas, aproveitavam cada parada para sair das frestas das paredes do coletivo e correr pelo assoalho, sujo de papel de balas, pipoca doce e chicletes.

G1 flagrou a cena na linha 4032, sentido Caiçara/Savassi, na tarde de domingo (28), a mais quente do ano em Belo Horizonte. As baratas chegavam a subir pelas pernas dos passageiros e passear pelos bancos.

Na linha 4107, sentido Alto Caiçara/Serra, outras baratas foram flagradas na tarde desta segunda-feira (29). A reportagem apontou o problema para o trocador, que deu de ombros e não disse nada.

Aquela espécie de barata, que costuma entrar no vão entre a chapa do assoalho do ônibus e o espaço abaixo, sustentado geralmente por madeira, é a Blatella germânica, um tipo menor do inseto.


Fiscalização intensiva

Quem é responsável pela fiscalização das condições dos ônibus que circulam na capital é a BHTrans (Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte).

A empresa diz que efetua fiscalizações diárias, em viagens a bordo e nos pontos finais, para abranger todas as linhas do sistema. “São observados itens como limpeza geral dos ônibus e inclusive a lixeira existente dentro dos veículos, e também itens de segurança (faróis, freios, pára-brisa, luzes e outros) e padronização dos veículos.” O consórcio é multado em R$ 184,69 a cada irregularidade encontrada.

A última fiscalização na linha 4032 ocorreu entre 1 e 5 de outubro, diz a BHTrans. “Nas fiscalizações não foram encontradas irregularidades.”

Segundo a BHTrans, será feita “uma fiscalização intensiva no consórcio operador desta linha, pois é inadmissível a ocorrência apontada”. “Durante as fiscalizações, se verificada a irregularidade ou quaisquer outras, o consórcio será autuado e deverá tomar as providências para sanar o problema.”

‘Produto não funcionou’

Thiago Silva, diretor-chefe da São Dimas Transportes, responsável pela linha 4032, disse que todos os 98 veículos da empresa, além da garagem, são dedetizados a cada três meses, que é o prazo de validade do serviço. Ainda segundo Thiago, todos os veículos são lavados uma vez por dia.



Ele diz que a empresa trocou de dedetizadora recentemente e a infestação de baratas pode ser culpa de alguma falha no produto da nova empresa. “Vamos fazer nova dedetização com a empresa antiga e tentar o ressarcimento do valor pago a essa empresa”, diz Silva. “Foi bom para saber que o produto não deve funcionar muito bem. Vamos tomar providências e trocar de empresa.”

A São Dimas Transportes apresentou à reportagem os recibos das dedetizações efetuadas pela Naturale Desinfestação. Segundo as notas, de 24 de setembro, foi feita uma dedetização na garagem e nos 98 ônibus, com validade de três meses.

‘Pingando baratas’

Já Ricardo Martins Ribeiro, gerente da Naturale Desinfetação, enviou a lista de controle de execução do serviço, com data de 26 de setembro, que mostra que oito dos 98 ônibus não foram dedetizados, porque estavam na rua, circulando, durante o serviço dos técnicos. “Na minha opinião o problema está na postura da empresa, que não providencia no tempo hábil a lista dos ônibus infestados. Tenho 25 técnicos disponíveis para fazer o serviço.”

“É importante salientar que o controle de baratas em locais de difícil acesso, como ônibus, que tem muitas frestas servindo de esconderijos para as pragas, é necessário não só uma aplicação, mas um acompanhamento sobre os veículos infestados.”

Ele diz que sua empresa atende mais de dez companhias de ônibus da cidade e está há 12 anos no mercado. E que as empresas de ônibus precisam fazer a dedetização com maior periodicidade, porque a baratinha Blatella germânica é difícil de matar. “Se o inceticida não chegar até ela, ela não morre. Mas já pegamos vários ônibus pingando baratas porque ficam um ano sem dedetizar, para economizar dinheiro.”

Pontos finais infestados

Túlio Furletti, diretor da Belo Horizonte Transporte Urbano, que cuida da linha 4107, disse que também faz a dedetização periodicamente e que acredita que o foco de infestação seja nos pontos finais dos ônibus, em vilas e favelas da cidade, onde há muita venda de alimentos em trailers próximos ao ponto. “O foco de infestação não está na garagem. Ficou acordado com a empresa dedetizadora que vão fazer uma inspeção nos pontos finais para resolver o problema”. Ele também diz que todos os veículos são higienizados uma vez por dia.

Segundo Furtelli, houve duas ocorrências de baratas neste ano, informadas por operadores de ônibus. Ele diz que não houve reclamações de passageiros. E disse que vai verificar o veículo onde a reportagem do G1 viu as baratas.

Fonte: G1





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