Belo Horizonte: Filhos do Clube da Esquina declaram amor à música e aos pais

Há 40 anos, nascia o Clube da Esquina, um dos mais ilustres filhos da música mineira. Criado no tradicional bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, o movimento tem como pais Milton Nascimento, Toninho Horta, Beto Guedes, os irmãos Borges, dentre outros músicos. Hoje, quatro décadas após o álbum que carrega o nome da ‘turma’ chegar ao mundo fonográfico, muitos integrantes dividem com seus filhos – de sangue – a paixão por este rebento musical.

Toninho Horta é um dos pais da canção “Manuel, o Audaz”, mas o músico também tem outro filho Manuel, o Nenel, com quem compartilha o gosto pelas artes. “Ele nasceu em 1986, já com a música rolando. Então, a vida inteira, desde que o Manuel era pequeno, ele ouvia as músicas do Clube da Esquina. Essa relação com a música para ele foi desde muito cedo”, conta sobre o caçula.

Do pai, Manuel Horta ganhou diversos instrumentos e também a habilidade para trabalhar a harmonia e a sonoridade das canções. Apesar de não ter assumido a música profissionalmente, o som é um elemento fundamental para o jovem, que se graduou em Cinema e que integra a banda Pequeno Céu. Do Clube da Esquina, ele conta que herdou o interesse pela diversidade. “Eu gosto muito de mistura e acho que o Clube da Esquina tem muito disso, de pegar muitas pessoas de vertentes diferentes. E o meu grupo também é assim. São seis pessoas e cada um vem de um lado”, afirma.

Esta relação musical entre pai e filho ganhou dois registros. No álbum “Foot on the Road”, de 1994, Toninho Horta gravou “Nenel” em homenagem ao filho. Já em 2000, Manuel fez uma participação especial, tocando “Garota de Ipanema” ao lado do pai, no CD “From Ton to Tom”, dedicado a Tom Jobim. Agora, o plano é de dividir um projeto com o caçula e com a filha mais velha, Luísa, que cursa Belas Artes. “Eu estava viajando da Coreia para Singapura, Indonésia, não sei. Aí, eu bolei um projeto para nós três para ser apresentado ao vivo. E cada um vai trabalhar na sua área profissional, como três artistas independentes, só que é a família”, adianta.




O pianista Marilton Borges, o mais velho dos irmãos Borges que se enveredaram pelo Clube da Esquina, também transmitiu o talento musical aos dois filhos, Bruno e Rodrigo. Este lançou recentemente o álbum “Qualquer Palavra”, que carrega a sonoridade do movimento que completou 40 anos. Marilton – primeiro da família a conhecer Milton Nascimento e a dar vida em público à canção “Clube da Esquina” – foi fundamental para a criação do Clube da Esquina.

Mesmo antes do nascimento dos dois filhos, ele conta que já tinha um certo sentimento paternal em relação aos dez irmãos, entre eles Lô e Márcio Borges. “Eu sempre digo, eu tive duas mães, meu pai é uma mãe também. De certa forma, eu era o braço auxiliar da educação da turma”, destaca.

A trajetória musical de Marilton Borges tem como marca a noite belo-horizontina. E foi, ao lado do pai nos bares da cidade, que Rodrigo Borges começou a engatinhar na carreira. “Para mim foi muito natural seguir os passos dele. E foi um privilégio ter um maestro dentro de casa”, explica.

Hoje, a situação se inverteu. Em parceria com Bruno, Marilton Borges se tornou dono de um bar, localizado em uma das esquinas do bairro Santa Tereza. O pai também passou integrar a banda do filho Rodrigo nos shows de “Qualquer Palavra”. A última vez em que dividiram o palco foi nesta quarta-feira (8), em uma apresentação em homenagem aos 70 anos de Milton Nascimento. “Tocar com o seu pai é uma experiência maravilhosa”, resume Rodrigo Borges.

Outro ‘filho’ do Clube da Esquina – e de Beto Guedes – também é parceiro do jovem músico. Rodrigo Borges e Ian Guedes integram a banda Fio da Navalha, que faz uma releitura pop do movimento. Além do projeto, o filho do meio de Beto Guedes faz parte da banda do pai. Ele conta que um dos momentos mais marcantes da relação nos palcos foi a gravação do DVD “Outros Clássicos”, lançado em 2011. Para Ian, sua principal herança musical é a sensibilidade. “Ele [Beto Guedes] é muito sensível, ele se apega muito aos detalhes, o que é uma coisa só para músicos do nível dele. A gente acaba aprendendo umas nuances, o que só é possível estando com alguém tão genial”, declara.

Fonte: G1





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